sexta-feira, 14 de março de 2014

Eu descobri que desenvolvi dois problemas trabalhando dentro da área da saúde: me apegar demasiadamente aos meus pacientes e uma vontade súbita de querer mudar o mundo.
Eu tinha esse paciente amputado. Acidente de moto, isquemia em membro inferior, amputação trasnfemural. Apesar de tudo, era o meu paciente mais colaborativo, mais animado. Mas a prótese dele estava atrasada há dois anos.
No primeiro dia ele desabafa comigo e eu fico tão mexida que só queria poder materializar ali mesmo uma prótese pra ele.
No segundo dia ele me diz que era dependente químico, que fazia muitas coisas erradas e eu só queria colocar minha mão no cérebro dele e tirar aquele vício.
No terceiro dia ele chega de um surto psicológico, achando que a vida odeia ele e começa a chorar na minha frente. Aquele homem, tão bonito, alto e grande perto de mim chorando que nem uma criança. E eu só queria aconchega-lo nos meus braços como um bebe, mas isso não seria profissional, então eu disse algumas palavras de conforto.
No quarto dia ele some e nunca mais apareceu na terapia. E eu só queria teletransportar ele pra minha barra paralela novamente pra ele ficar melhor logo.

E é nessa profissão que eu vejo como a vida é feita de altos e baixos e eu? Nada mais do que uma mera mortal, capaz de transformar a vida das pessoas, afirmo isso, mas tão lentamente...

terça-feira, 4 de março de 2014

Eu  sempre quis que você deixasse a barba crescer. Porque eu gosto de barbas. Pra disfarçar o seu rosto de menino. Mas você nunca gostou de barba. Dizia que incomodava, que dava trabalho, que era feia. Você realizou todas as minhas vontades, exceto a de ver sua barba crescer.
Daí tantos anos depois - Quantos? Seis? - a gente se tromba e você está com uma barba enorme, gigantesca, cobrindo o seu rosto. E tão lindo, tão homem. Eu quase passei reto, porque você fica tão diferente com ela. E eu vejo que você não tem mais rosto de menino.

segunda-feira, 3 de março de 2014

De novo.

Eu já deveria ter desistido dessa coisa de relacionamento, porque é sempre a mesma história:

- Eu conheço alguém;
- Temos coisas em comum;
- A gente se envolve emocionalmente;
- Ele resolve voltar com a ex namorada.

Sabe, tá virando rotina isso.

E eu tava bem nos últimos tempos. Segurando bem as pontas. E não deveria ficar triste, eu nem queria sair com ele. Ele não é o meu tipo, não me atrai fisicamente, mas é um ótimo historiador e eu gosto das nossas conversas. Eu não deveria ficar triste porque a gente conversa faz tão pouco tempo. Mas eu me senti no direito de gostar dele nesses últimos dias. Eu achei que seria legal, e mais uma vez sou passada para trás de novo. Eu não deveria ficar triste, porque nós somos amigos há anos.

E o pior é que foi igual da última vez. Mentiras, sumiço e eu descubro por redes sociais. Adoro isso, destino. Sério. É uma indireta pra eu virar celibatária?

Por que caralhas esses homens não sabem verbalizar?

Até me senti no direito de chorar antes de ir dormir. Mas só hoje.