sexta-feira, 14 de março de 2014

Eu descobri que desenvolvi dois problemas trabalhando dentro da área da saúde: me apegar demasiadamente aos meus pacientes e uma vontade súbita de querer mudar o mundo.
Eu tinha esse paciente amputado. Acidente de moto, isquemia em membro inferior, amputação trasnfemural. Apesar de tudo, era o meu paciente mais colaborativo, mais animado. Mas a prótese dele estava atrasada há dois anos.
No primeiro dia ele desabafa comigo e eu fico tão mexida que só queria poder materializar ali mesmo uma prótese pra ele.
No segundo dia ele me diz que era dependente químico, que fazia muitas coisas erradas e eu só queria colocar minha mão no cérebro dele e tirar aquele vício.
No terceiro dia ele chega de um surto psicológico, achando que a vida odeia ele e começa a chorar na minha frente. Aquele homem, tão bonito, alto e grande perto de mim chorando que nem uma criança. E eu só queria aconchega-lo nos meus braços como um bebe, mas isso não seria profissional, então eu disse algumas palavras de conforto.
No quarto dia ele some e nunca mais apareceu na terapia. E eu só queria teletransportar ele pra minha barra paralela novamente pra ele ficar melhor logo.

E é nessa profissão que eu vejo como a vida é feita de altos e baixos e eu? Nada mais do que uma mera mortal, capaz de transformar a vida das pessoas, afirmo isso, mas tão lentamente...

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