sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Sobre o relacionamento mais complicado de todos.

Eu ainda fico pensando no tipo de relacionamento que nós tivemos. Foram 6 anos juntos, sem estar juntos, sem apresentar para família e amigos. Vivendo apenas dentro da sua bolha de egoísmo. A gente não se apresentava como namorado porque era demais. Não se apresentava como amigos porque era de menos. Então ficávamos no meio da situação, constrangidos por não conseguir rotular o que vivíamos.

Eu nunca fui boa o suficiente para você me apresentar aos seus amigos ou para sair com os meus. Para ir junto na balada. Ou para responder meus e-mails, porque não tinha tempo. Mas achava para responder os da sua ex.  Essas coisas eu só enxergo agora, depois que a sombra do seu ego saiu de cima de mim.

Precisou eu cansar de você e encontrar outra pessoa para você sumir e 6 meses depois ressurgir só dizer que me amava. Não claramente, porque você nunca abria seus sentimentos. Eu ainda tive que ligar os pontos.

Nós vivemos momentos maravilhosos. Mas eu penso que eu nunca soube nada da sua vida e talvez você nada da minha. Eu sempre senti que nunca te amava. Nunca chorei por você ou fiz a louca. Mas vontade de ficar junto sempre foi maior do que com qualquer outra pessoa que eu amasse, mesmo sabendo que nós dois nunca daríamos certo juntos.

Nunca daríamos certo porque eu queria filhos e cachorro e você não. Porque você não gostava dos meus amigos. Porque você dizia de maneira egoísta que se casássemos você só gastaria seu dinheiro comigo para me presentear nas datas comemorativas. E porque nunca estava disponível para aturar meus momentos difíceis, como se você nunca tivesse um. Eu teria mais uns 10 itens para colocar nessa lista, mas isso queimaria demais seu filme.

A última vez que nos encontramos, alguns anos depois, você disse que eu ainda era a melhor, a mulher da sua vida e que mesmo que eu tivesse outra pessoa, nos encontraríamos num futuro distante e faríamos dar certo. Que eu podia me casar, ter minha vida feliz e se rolasse um divórcio o destino faria a gente se trombar em uma rua qualquer.

Só queria dizer que você não pode pausar o que tivemos para me ter daqui 10 anos.  Daqui 10 anos eu já vou ter exorcizado você  por completo. "A próxima aliança no seu dedo vai ter meu nome", você me disse. Eu teria aceitado uma aliança nesses 6 anos. Teria aceitado uma aliança no dia que nos encontramos. Talvez até hoje eu aceite essa aliança.

Mas você precisa aceitar que um relacionamento é altruísmo, parceria e cumplicidade. É ser disponível sentimentalmente. Para me escutar chorando, mas principalmente para chorar no meu ombro. Porque faltou isso em todo esse tempo, você rir, mas também chorar comigo. Me dizer suas verdades mais íntimas para quem sabe eu entender o porque de tanto narcisismo. Senão, de nada vale um objeto no dedo.